A indiferença constrói-se demasiadas vezes com a ausência de palavras.
É um animalzinho açucarado preso no lugar mais negro da mais comezinha das simulações de felicidade. Limita-se calado a roer as sílabas da vida do hospedeiro, esgotando as razões do que havia para dizer.
Indiferentes, deixamos vagos os lugares do sentir. Deixamos de ter labirintos. Somos um fio, uma recta inútil traçada por uma barra de carvão que suja os dedos e nos deixa fixos na impossibilidade do encontro.
Na indiferença tudo é desencontro.