E é chegada a hora de declarar oficialmente o início das minhas férias.
Amanhã - porque segundo a minha irmã estou anémica, depauperada, esfarrapada e outros tantos piropos que não convém referir, pois que me reduzem bastante -, aterro, repetindo-me, num dos locais mais repousantes do planeta, longe do trepidar cosmopolita, das urbes demasiado povoadas, da poluição das multidões e perto do gado e das ervinhas e dos declives bucólicos e românticos e dos desfiladeiros sinistros e das paisagens ligeiramente soturnos e sinistras.
Ou talvez não, pois que é a mana que desenha o plano.
O certo é que se tornou imperioso o meu descanso.
Estou proibida de tocar num teclado, de me asfixiar em luminosidades artificiais e de me aproximar de qualquer coisinha que suscite o mais leve apetite de estremecer ou de me entusiasmar.
A ameaça de pasmaceira paira sobre a minha cabeça onde até o cabelo - diz a minha irmã -, parece ter sido disparado na I Grande Guerra, porque a outra é mais moderna.
Em Agosto sinto-me sempre um caco.
A verdade é que vou ter mais de duas semanas para espairecer, refrescar, recarregar o meu tédio - tão útil quando me aflijo! -, e recuperar o meu cabelo e a minha cor.
É evidente que darei notícia da viagem, embora suspeite que não haverá grande coisa digna de registo, já que passarei despercebida tendo em conta que o lugar por onde me vou espreguiçar é dono de uma infinda e indecifrável tristeza, que não parece latina, embora o seja.
Uma maçada sem distracção ou entretenimento a não ser aqueles a que me dedicarei - pois com certeza -, quando o vento soprar com força nos meus desejos nunca recomendáveis.
Volto já.