28.7.21

A Gaffe e o "Manguito d'Oiro"


A Gaffe não sabe se o gesto maroto que consiste em erguer o dedo médio de um punho fechado, se chama manguito, ou se tal denominação se restringe apenas ao icónico gesto do Zé Povinho de Bordalo Pinheiro.

Seja como for, e levante-se quem se levantar, a Gaffe decidiu que manguito é suficiente para se referir a um dos sinais mais divertidos e ecuménicos da história.

Debruçando-se, embora não literalmente, sobre o manguito, numa brevíssima apreciação com travos residuais de sociologia tresloucada, a Gaffe conclui que o gesto é considerado pelos rapagões mais expeditos uma arma arrasadora capaz de provocar danos no interior da alma do adversário, posto que exteriormente, no físico - ginasticado ou não -, não deixa qualquer rasto, a não ser que se crave num olho, seja ele qual for.


O manguito, sobretudo o masculino, é inúmeras vezes usado como ponto final das discussões que decidiram arrasar os nervos aos intervenientes, ou substituindo o derrame de vernáculos e castiços impropérios verbais, dignificando-se desta forma a cansativa e limitada treta uma imagem vale mais que mil palavras – pois que um gesto também -, ou ainda para mimosamente responder a pedidos de imbecis que sabemos crápulas - os pedidos e os donos.

É evidente que o sexo feminino não usa o manguito com a frequência desejada, necessária e devida, mas quando o faz é, na maioria das vezes, de modo muitíssimo mais criativo e absolutamente mais deleitado, bem-humorado e definitivo. Quando uma menina o usa, não existe contraditório. É altamente previsível que haja uma hemorragia e morte fulminante naqueles que se atrevem a arrastar a razão do gesto.

Um manguito é a luz vermelha de um semáforo psicopata, mas continua a ser um dos gestos que, quando bem utilizado, mais divertem a Gaffe, rapariga absolutamente tonta, desregrada e muito pouco civilizada.

Estes tempos pandémicos têm - entre tantas e variadas tontices -, servido também para conceder a torto e a direito os melhores manguitos de que há memória, aconselhando-se mesmo a criação de um evento que permita a entrega - mensal, pois que há matéria que tal justifique -, do Manguito de Oiro.


Procurando ser comedida e nunca demasiado extensa, seria maravilhoso galardoar com este troféu, por exemplo, a DGS e Graça Freitas; as medidas restritivas cantaroladas por Marianinha Vieira da Silva – ah, ah, ah, vem cantar à roda vem cantar sozinha. Eu cantar não sei, mas hei-de aprender, peço ajuda ao Tonho para o bem fazer. -; a fadiga da justiçazinha do cá se fazem e lá se pagam as cauções, mais os seus dois bizarros juízes e mais do que muitos juízos; a velhice adoentada e genial de Salgado na Sardenha; a marquise, a bondade e o altruísmo de Cristiano Ronaldo; o jornalismo português embaciado, toldado e quebrado aos gritos por José Rodrigues dos Santos; a banda e a malta de comentadores e de comentários que substituíram os ideólogos as ideologias ou mesmo Cabrita, o ministro-cartoon, pese embora o próprio encarne um manguito à decência, e o Goucha.

A Gaffe, neste arraial de possíveis nomeações, sugere que se atribua a vitória à Assembleia da República em que a absoluta miséria, indigência e penúria intelectual se arrastam pomposas e soberbas neste paço que se perde a cada passo dado em falso. Salvo as duas conhecidas e extremosas execpções que se desagrupam da ameaçadora privação de inteligência que acabou por se sentar no semicírculo – pois que semi é um prefixo certo -, todo redil merece o destaque.

A Cristina Ferreira podia perfeitamente ser a anfitriã.