A minha vida lateja porque trago o teu coração dentro do peito, intacto, por romper, sem dano ou prejuízo. O meu coração impune em vez do teu, a bater no teu corpo, sem temor.
Abraço-te de joelhos os joelhos. Pouso a minha cabeça no teu colo e deixo-me aquietar, que o teu coração tenho-o no peito trocado pelo meu, na tua mão, e não há perigo.
Inclina-te para mim. Diz-me em murmúrio que na vida apenas valem os instantes, que Morte e Amor são coisas bem pequenas.
Que a tua mão sossegue o meu cabelo.
Que a tua mão aquiete a luz que vem de fora, nervosa, por entre as rendas das cortinas.
Que a tua mão sossegue a minha vida inteira.
Vou respirar em ti, prometo.
Minha mãe de pele de luz e folhas a nascer.