3.5.22

A Gaffe com privilégios

Gerhard Haderer
Folheio um criterioso e respeitável, embora ressequido, número da Science Magazine espapaçada no sofá e deparo com um interessante artigo assinado por sábios investigadores na área da urologia, sexologia e afins.

Incrédula, acabo por ser informada - com atraso, é certo -, que o tamanho médio do órgão sexual masculino, erecto e europeu, é de 12 a 14 cm, considerando-se uma erecção que atinja os 14/16 cm uma fuga agradável a esta estudadíssima recolha.
Há naturalmente os chamados micropénis, mas como é óbvio não vejo - literalmente -, razão para os abordar.
Informo surpreendida a minha prima que, em frente, encafuada nas páginas recentes de Another Man, observa os fotografados que adivinhamos a superar claramente a média estabelecida.

- E quem quer saber dos Marques Mendes?! - cruza as pernas e mergulha indiferente na revista.

Disponível e sempre pronta a mostrar que sou uma rapariga informada, declaro ser este um estudo sério baseado em dados recolhidos durante cerca de uma década, em países europeus dignos de respeito e que mereceu rigoroso escrutínio e atenção de uma das mais prestigiadas publicação científicas.
A minha prima levanta-se e crava os olhos na braguilha do meu pobre irmão que sorri e tenta alterar a posição demasiado aberta e abertamente exposta que permite o sufrágio e a possível avaliação das medidas em causa

Digam o que disserem, encolhendo os ombros, pigarreando e mugindo, salivando e rindo, disfarçando a mentira com desdém nos olhos, os rapazinhos são todos tão sensíveis a estas medidas!

Aproxima-se de mim e sussurra gentil ao meu ouvido, com um sorriso cúmplice tão perto do meu:

- Não ouves o que dizem?! Os nossos rapazes são os privilegiados e vivem sempre muito acima da média.