14.7.22

A Gaffe de Moleira


De acordo com o dito e redito, a frase é dos carecas que elas gostam mais tem a mesma função das madeixas pindéricas e ralas que partem das nucas masculinas e que tentam chegar às sobrancelhas dos que acreditam que não estão a ficar calvos embora todas as evidências provem que vão ficando com a cabeça parecida com uma lustrosa bola de bilhar.

Para além deste parco consolo, suspeito que a frase retém uma grosseira conotação sexual que me abstenho de dissecar, por demasiado óbvia e porque acabei de tomar o pequeno-almoço. Uma rapariga esperta evita redundâncias e procura sempre manter os cereais no seu lugar.

Não é de todo verdade que sejam os carecas os alvos privilegiados das nossas imediatas atenções. Não é lícito afirmar que a leonina, desmanchada, poderosa, ensandecida e farta cabeleira de Sansão é sempre ameaçada no seu poder de sedução pela tesoura daliliana da imagem de um careca.

A não ser que o calvo, ou candidato a tal, seja o João Moleira.

A verdade é que João Moleira nos faz esquecer todos os editoriais, textos, artigos, reportagens, parágrafos, itens, escritos, notícias, novidades, notas, alíneas e mesmo o sol que vai fazer lá fora. Deixamos de o ouvir logo que o vemos.

Um belíssimo, avassalador e irresistível careca, um calvo portento, um perigo para todas as outras cabeludas redacções.

José Rodrigues dos Santos - por muito olho maroto que nos pisque como se tivéssemos, sem ninguém saber, qualquer coisa marcada para o jantar -; José Alberto Carvalho - por muito botão aberto na camisa para que acreditemos forçadas na sensualidade tímida da alvura de uma pele -, ou Rodrigo Guedes de Carvalho - por muito carrancudo que apareça para provar que se nos distraímos somos levadas ao chão com um golpe de judo -, são esmagados pelo sorriso, brutamontes de carnalidade, de João Moleira que nos prova constantemente que matar - ou mesmo desperdiçar - o mensageiro é - quase) sempre - um erro.