7.3.23

A Gaffe corrupta


A Gaffe assistiu ontem a um momento precioso do jornalismo de esgoto, made in Portugal.

Pese a verdade, e porque esta rapariga é imbecil, considera uma experiência única e extraordinária ver outra vez José Sócrates gesticular, esbracejar, mostrar os caninos, salivar e cuspir morcegos. Aconselha a Gaffe - mais uma vez, porque é imbecil -, que toda a gente a assista ao circo onde a fera é espicaçada tendo, antes de tudo o mais, retirado o som ao televisor.

É uma experiência digna de Attenborough, embora extenuante e claramente anti-democrática.
 
Durante o aborrecido processo de mudar de canal, a Gaffe esbarra com a patacoada mais uma vez vomitada para nosso encanto e apaziguamentojá audível de um comentador - não se sabe se a propósito -, paga-se demasiado pouco aos políticos e aos governantes e é este o factor principal da não extinção da possibilidade de serem corrompidos.

É delicioso.
O contribuinte não paga o suficiente aos seus representantes para que eles não sejam corruptos.

Se os corrompesse, pagando o suficiente para retirar à corrupção a possibilidade de lhes fazer uns mimos, a indigitação ou a nomeação - conclui-se que normal - de corruptos não se faria sentir e não existiria colisão com a lisura, a ética, a honestidade, a honra, a Palavra e todas essas manigâncias mais ou menos delineadas e tidas como louváveis - pese embora algumas não tenham definição esclarecedora -, estariam salvaguardadas e o Estado seria liderado por políticos corruptos, mas tornados honestos, pois que servidos de avultados ganhos.

Há que abrir os cordões às bolsas – mas nunca à Bolsa -, para se ser representado pela hibernação, pela anestesia, pela narcotização, pelo coma induzido, da corrupção. Há que corromper, pagando para os que nos representam não sejam corrompidos, antes que outros o façam.

É tudo tão sicilianamente Ford Coppola.