29.4.23

A Gaffe no silêncio


A superfície deste lugar presa na pele quebra devagar a película que o envolve, como folha de cristal, como fina folha de cristal por sobre a pele.

Entendo agora a mais distante segurança que é entregue aos que escolheram o refúgio da casa onde o tempo esquálido flutua. Entendo agora os degraus do silêncio e os socalcos. Esta espécie de felicidade em nada ter, porque se tem à tona da pele o imenso engano da quietude fria.

Nada se move. Nada. Os dias são os dias já passados e nas madrugadas as árvores escondem o sussurrar do vento, o tilintar da chuva ou a luz que interrompe as frestas da penumbra, os rasgos de ruído pelas pedras.

Entendo este lugar, porque o tenho pousado levemente sobre a alma.
O meu lugar é onde se ouve o silêncio a descer escadas.