A Gaffe decide homenagear todos os homens dedicando alguns conselhos às mulheres que vão atravessando as camas onde por descuido, acaso, ou premeditação, os marotos adquirem o estatuto que lhes permite chamar filha a alguém e onde se espera justifiquem cabalmente a existência das pilas.
A Gaffe implora que as suas companheiras de folguedos a leiam com redobrada atenção, pois que é neste pequeno repositório de alertas que pode residir a chave para a harmonia do casal.
Há regras de oiro que não podem ser quebradas quando a piloca está em jogo. Uma rapariga tem de as conhecer se não quer um divórcio complicado ou a responsabilidade de ter de encontrar um psiquiatra para o parceiro mentalmente destroçado.
Enumeremos as quatro magníficas. Haverá mais a seu tempo, que Roma não se fez num dia e algumas pilas levam anos a edificar.
Uma pila, minhas amigas, não é de todo uma Barbie.
Não é com uma pila que podemos experimentar bater naquelas
coisas muito americanas que largam confettis, serpentinas e papelinhos,
quando rebentam. Uma pila não é um helicóptero! Uma pila não é de plástico -
embora sabendo, minhas queridas, que as há bem jeitosas nas lojas da
especialidade, não é a mesma coisa, diz quem sabe. Uma pila não é capaz de
tomar chá por chávena com o Mickey estampado, na baby party da prima
grávida que obviamente já a experimentou. Uma pila não joga à macaca, nem salta
à corda - salvo algumas excepções, que não se referem aqui por pudor e decência
e sobretudo porque há tesouros que devemos guardar só para nós. Uma pila não é
um cavalinho de pau - embora neste caso exista, muito aplaudida, opinião
contrária – e não pode ser incluída nos nossos carrosséis. Um pila tem de ser
respeitada e tratada de modo adulto. Brincar com pilas, minhas caras, é brincar
com fogo. Só o devemos fazer se pertencer a um bombeiro de calendário.
Chamar Zézinho, Manelinho ou Francisquinha a uma pila - ou
nomeá-la como se fosse um bichinho -, é matá-la. É menosprezar, achincalhar e
humilhar uma pila desatar aos gritos nominais - Ai, bichaninha!
Ai, meu Luizinho! Se páras dou-te um soco nos alforges! - durante aquele
minúsculo período de tempo em que funciona capazmente. Berrar pelo Quim Zé, ou
pelo Pedrinho, ou pelo Martim, ou Bernardinho – pilas de boas famílias - pode
perfeitamente fazer surgir à porta uma pila diferente da envolvida no caso e
toda muito contente.
Se quiséssemos uma pila depilada matávamos a Barbie e ficávamos com o Ken – que para todos os efeitos, é de plástico … -, mas não é necessário que pareça ter-se aliado ao Estado Islâmico. Há pilas que impedem que lhes vejamos os olhos! Há pilas que são terroristas barbudos, sem poder de encaixe e sobretudo sem qualquer célula activa. Há pilas que se julgam Tarzan e que desaparecem no meio da selva sem sabermos sequer se de liana em liana. Há pilas gorilas na bruma. É evidente que uma rapariga não aceita, nem quer aceitar, retirar uma pila do seu habitat natural, mas urge que tenhamos em conta a campanha governamental e limpar o mato. Uma pessoa nunca sabe por onde pode começar um incêndio.
Estas, minhas amigas, são as recomendações que podem fazer a diferença entre uma pila na mão e duas a voar. Há, meus amores, que as ter sempre presentes nas nossas camas.