11.6.24

A Gaffe da D. Arminda


A D. Armandina é uma senhora pequenina, rechonchuda, de cabelo pintado de castanho acajú, casaquinhos de malha, laçarote na blusa de seda, tacões pequeninos e saia discreta.

É maçadoramente amável, prestável, solidária e diz que tem uma sensibilidade à flor da pele. Gosta mais dos animais do que dos homens e di-lo com tamanha convicção que percebemos porque é que não houve um homem que gostasse dela. Gosta de ler. Escreve poesia. Não fuma, nem bebe e o sexo fica pelas rimas que faz.

Sofreu muito. Só Deus sabe o que sofreu.

A D. Arminda barrica-se em nome dos outros. Pela Liberdade, Igualdade, Fraternidade, ergue-se heroína.

No entanto, se ouvir um pio contrário ao que pensa - fica com o restolho da opinião das maiorias que pensam certinho - torna-se uma fera. Uma bicha transtornada. Um dispositivo de arremessar injúrias e está habilitada a enfiar nas câmaras de gás os que se atrevem a dizer tolices.
À medida que vamos conhecendo a D. Arminda, mais absurda parece a montagem de um forte sentido da mais baixa tolerância e preconceito, de orgulho, de brutalidade, de mau humor e de mesquinhez.
A D. Arminda é um macaco de imitação da maior parte dos seus defeitos, sem uma atitude própria. É a história de um charlatão e do seu bobo.
 
A D. Arminda substituiu a alma por um missal e é no meio das páginas que vai escondendo estampas pornográficas.