A tolice é dos carecas que elas gostam mais que se ouve esporadicamente, para além de ser uma das mais deselegantes frases que se conseguem rapar, revela uma ignorância confrangedora do gosto feminino e um implícito, embora camuflado, desprezo da capacidade de discernimento da mulher aliada a uma espécie de vanglória do macho dominador.
A careca surge tratada como um símbolo da masculinidade incontornável, contrastando com a juba leonina dos que hesitam. Transformada em sublimado falo, o bazófia careca mostra a sua virilidade subjugadora.
Normalmente, a frase vem apensa a homens cuja maior ambição consiste em deixar crescer as sobrancelhas para depois pentearem até que tapem a nuca. Se em simultâneo as pintam de preto asa de corvo, há orgasmos pela certa.
A careca é apenas mais um penteado, meus queridos. Claramente o mais prático, mas tão exigente como qualquer outro. Se for voluntária, não desresponsabiliza o portador permitindo-lhe frases imbecis como a que se reproduz. Se vier com os genes, será sempre apreciada de acordo como o resto da encomenda.
Fotografia - Daniel Fleur