Enquanto que o calor que se faz sentir favorece as raparigas espertas que sabem tirar partido dos tecidos que esvoaçam e se transformam em pequenas ninfas suadas a saltitar de perfume em perfume, é altamente lesivo para os homens que estão obrigados pelas convenções a usar um fato.
Um fato, mesmo um de linho charmoso e ligeiramente amarrotado, no meio do calor é um teste implacável à capacidade criativa de quem o usa, porque implica sempre uma adaptação, uma reformulação, do conceito de clássico e até mesmo do discreto, que nem todos os homens são capazes de operar.
Uma rapariga esperta jamais colocará no rol dos elegíveis um homem que se empacota e se asfixia num fato que o faz resfolegar e se aproxima da apoplexia com uma gravata que, por muito Armani que seja, não o faz parecer o cartaz da colecção de Verão do criador.
Há que desmanchar, desestruturar e reformular.
São sempre excitantes os homens que usam fatos e T-shirts de cores indefinidas de tão caras, e que nos mimam com um convite para jantar num restaurante que nos comeria numa noite, se fossemos nós a pagar a conta, a verba destinada a dias difíceis - a esses também, porque uma rapariga atravessa essas ocasiões deprimentes com visitas programadas a todas as lojas do centro de Paris -, com sandálias de couro fino - assinadas ou não, que isto de ultrapassar as marcas sempre foi difícil para os rapazes.
São sempre irresistíveis aqueles que permanecem fiéis ao clássico sabor do fato de outras eras, mas que lhe oferecem a transgressão cuidada do inesperado, porque são homens que sabem desmanchar a rigidez de uma convenção e se transformam em charme puro e duro, capaz de amolecer uma pobre e indefesa rapariga que de pura tem apenas o que se lembrar ter na ocasião.